A TEOLOGIA SISTEMÁTICA


 


1. Etimologia da Teologia Sistemática

A expressão "teologia sistemática" é composta de dois termos gregos: theós (θεός), que significa “Deus”, e logía (λογία), que significa “estudo” ou “tratado”. Assim, teologia é o estudo de Deus. Já “sistemática” vem do grego systematikós, indicando algo metódico, organizado em um sistema.

Portanto, a Teologia Sistemática pode ser definida como o estudo organizado das doutrinas da fé cristã, derivadas da revelação de Deus na Bíblia, reunidas e analisadas de forma lógica e coerente (GRUDEM, 2016, p. 27).

2. Desenvolvimento Histórico da Teologia Sistemática

2.1. Período da Igreja Primitiva e Patrística

A teologia dos primeiros séculos era eminentemente bíblica e apologética. Autores como Irineu de Lyon e Tertuliano defenderam a fé cristã contra heresias, ainda sem sistematização completa. Com Agostinho de Hipona (354–430), observa-se o embrião de uma teologia mais organizada, principalmente nas doutrinas da graça e do pecado original (BERKHOF, 2001).

2.2. Idade Média

Na teologia medieval, Tomás de Aquino destacou-se com a Summa Theologica, organizando o pensamento teológico com rigor filosófico. Ainda que católico, seu método influenciou posteriormente os reformadores (HODGE, 2001).

2.3. Reforma Protestante

Os Reformadores do século XVI, como Martinho Lutero e João Calvino, deram ênfase à Sola Scriptura como fonte primária da teologia. Confissões como a de Augsburgo (1530) e a de Westminster (1646) foram marcos de sistematização doutrinária.

Calvino, em sua obra As Institutas da Religião Cristã, apresenta uma das primeiras teologias sistemáticas protestantes reformadas (CALVINO, 2006).

2.4. Pós-Reforma até os dias atuais

Autores como Francis Turretin, Charles Hodge e Louis Berkhof deram continuidade à tradição sistemática reformada, enfatizando a inerrância da Bíblia, a centralidade de Cristo e a soberania de Deus. No meio pentecostal, teólogos como Myer Pearlman organizaram doutrinas fundamentais com linguagem acessível e fidelidade bíblica (PEARLMAN, 2007).

3. Estrutura da Teologia Sistemática

A Teologia Sistemática tradicionalmente se organiza nas seguintes áreas:

  1. Teologia Própria – Doutrina de Deus

  2. Cristologia – Doutrina de Cristo

  3. Pneumatologia – Doutrina do Espírito Santo

  4. Antropologia – Doutrina do ser humano

  5. Hamartiologia – Doutrina do pecado

  6. Soteriologia – Doutrina da salvação

  7. Eclesiologia – Doutrina da Igreja

  8. Escatologia – Doutrina das últimas coisas

Cada área busca responder, à luz da Bíblia, as grandes questões da fé cristã de forma organizada.

4. Importância da Teologia Sistemática

A Teologia Sistemática é fundamental para a vida da igreja e do cristão individual. Ela:

  • Organiza e ensina a doutrina com clareza (cf. 2Tm 2.15).

  • Protege contra heresias (Tt 1.9).

  • Forma líderes sólidos e preparados (Ef 4.11–14).

  • Edifica espiritualmente o povo de Deus (Os 4.6).

Como afirma Louis Berkhof (2001, p. 17):

“A teologia sistemática é indispensável para uma apresentação ordenada, compreensível e defensável da fé cristã.”

5. Conclusão

A Teologia Sistemática não é uma invenção humana, mas uma forma responsável e reverente de organizar o ensino das Escrituras. Desde os tempos da igreja primitiva até hoje, ela serve como instrumento de edificação, ensino, correção e preparação do povo de Deus para toda boa obra (2Tm 3.16–17). Uma teologia fiel às Escrituras será sempre alicerçada na revelação divina e centrada em Cristo.

Referências:

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
CALVINO
, João. As Institutas da Religião Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
GRUDEM
, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2016.
HODGE,
Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001.
PEARLMAN
, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
BÍBLIA
. Português. Almeida Revista e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.