Resumo
Este artigo
investiga o significado teológico da destruição do Templo de Jerusalém em 70
d.C., analisando se este evento representa o encerramento do judaísmo como
religião da aliança com Deus. Com base em textos do Novo Testamento,
especialmente os evangelhos e a epístola aos Hebreus, argumenta-se que a queda
do Templo simboliza o juízo divino sobre Israel após a rejeição do Messias e a
transição definitiva da antiga para a nova aliança. O estudo também discute o
papel futuro de Israel segundo a teologia paulina.
Palavras-chave: Templo, Judaísmo,
Nova Aliança, Jesus Cristo, Juízo, Israel, Hebreus
1. Introdução
A destruição do
Templo em Jerusalém no ano 70 d.C. pelo exército romano não foi apenas um
evento histórico de grande impacto para o povo judeu. No contexto da revelação
progressiva das Escrituras, esse evento possui implicações escatológicas e
teológicas profundas. O presente artigo busca demonstrar que a queda do Templo
simboliza o encerramento do judaísmo como sistema religioso de aliança entre
Deus e Israel, em vista da inauguração da Nova Aliança por meio da pessoa e
obra de Jesus Cristo.
2. O Templo como centro da Antiga
Aliança
Na teologia
veterotestamentária, o Templo representava a presença de Deus no meio do seu
povo, sendo o lugar dos sacrifícios expiatórios e da mediação sacerdotal (Êx
25:8-9; Lv 16). Ele era o coração do culto israelita sob a Lei mosaica (cf.
Carson, 2011).
3. A rejeição do Messias e o juízo
sobre Israel
Jesus, ao ser
rejeitado pelos principais líderes religiosos de Israel, declarou juízo
iminente sobre Jerusalém e o Templo (Mt 23:37-38; 24:1-2). O juízo culminou com
a destruição do Templo, marcando a retirada do favor divino sobre o sistema
antigo (cf. Poythress, 1991).
4. Jesus como o novo Templo
Nos evangelhos,
Jesus é apresentado como o verdadeiro Templo (Jo 2:19-21), o lugar onde Deus
habita e onde a expiação é realizada de modo perfeito. Com sua morte e
ressurreição, o culto veterotestamentário é superado (Hb 9:11-15; cf.
Ridderbos, 2004).
5. A Nova Aliança em Cristo
A epístola aos
Hebreus argumenta que a Antiga Aliança era transitória e que a Nova Aliança,
estabelecida por Cristo, é superior em todos os aspectos (Hb 8:6-13). A
destruição do Templo confirma, no plano histórico, a obsolescência do culto
levítico (cf. Carson, 2011).
6. Israel segundo a carne e o plano
de Deus
Ainda que o
judaísmo, como religião da aliança, tenha sido encerrado, o apóstolo Paulo
ensina que Deus não rejeitou totalmente seu povo (Rm 11:1-5). Existe um
remanescente eleito e um futuro prometido de salvação para Israel (Rm 11:26;
cf. Murray, 1968).
7. Conclusão
A destruição do
Templo em 70 d.C. representa um divisor de águas na história da redenção. Deus,
em juízo, encerrou o sistema do Antigo Testamento e confirmou a supremacia de
Cristo como único mediador e o verdadeiro Templo. Assim, o judaísmo não
permanece mais como religião pactual. Contudo, o plano de Deus inclui a
restauração de Israel por meio da fé em Jesus Cristo.
Referências:
·
Bíblia Sagrada.
·
CARSON, D. A. O
Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã,
2011.
· POYTHRESS, Vern. The Shadow
of Christ in the Law of Moses. P&R Publishing, 1991.
·
MURRAY, John. The Epistle to
the Romans. Eerdmans, 1968.
· RIDDERBOS, Herman.
Paulo: O Pensamento do Apóstolo. São Paulo: Cultura Cristã,
2004.